Há pouco mais de 300 anos surgia um fenômeno revolucionário na história da comunicação: a Imprensa. O termo “imprensa”, no entanto, vem de tempos mais remotos, por volta do ano de 1440, com a invenção da “prensa tipográfica com tipos móveis”, um equipamento inventado pelos chineses e adaptado por Johannes Guttenberg. “A prensa móvel” possibilitava a reprodução de outros documentos e livros com mais agilidade do que era feito até então: pelos copistas. 

O conhecimento monopolizado pela Igreja Católica finalmente podia ser reproduzido e difundido na linguagem de seus falantes. Embora ainda elitizado, a prensa tipográfica possibilitou o barateamento dos custos de reprodução de livros e documentos que até então eram raros e restritos, facilitando a difusão das grandes descobertas no período renascentista e gerando uma revolução na educação, que agora via a necessidade de combater o analfabetismo. Daí por diante, a humanidade não parou mais de evoluir, tanto em termos sociais, quanto em termos comunicacionais. Podemos ousar dizer ainda que um dos temas mais discutidos atualmente pelas mídias datam deste período, no século XV: a “liberdade de imprensa”. 

Na obra “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco, o autor discute as dimensões do poder dominador que a Igreja tinha sobre a informação e o conhecimento neste período. Aos fies não era permitido questionar conceitos e dogmas, tanto que entre 1300 a 1650 d.C a Europa passa por um dos momentos mais sangrentos da história, a Santa Inquisição. Essa Inquisição, instaurada pelo Papa Gregório IX tinha o intuito de combater esse renascer do homem, que buscava a sua valorização em uma era em que o divino e o sobrenatural eram a resposta para tudo o que se desconhecia. A ascendência das ciências neste período abalou os alicerces da Igreja Católica, que atrasou e combateu o desenvolvimento intelectual de todo um período histórico. Todavia, a liberdade sempre foi intrínseca ao homem, que sempre lutou para se livrar das amarras impostas, fosse pela religião ou formas de governo. 

Palavra de um conceito infinito e amplo, e também questionável, a liberdade sempre caminhou de mãos dados com a nossa própria existência – e gerou vários problemas ao longo deste processo. Para a filosofia entende-se por liberdade a ausência de submissão e ao poder de escolha sobre os caminhos a ser tomado. O filósofo, físico e matemático francês Reneé Descartes (1596 a 1650) disse que a liberdade está intimamente ligada ao livre arbítrio, ou seja, ao poder de escolha do indivíduo sem a intervenção de uma força maior - divina ou não. Contudo, no que se diz respeito à comunicação, a “liberdade de imprensa” é algo que realmente dá ao jornalista o direito de escolher o quê publicar, relevante ou não, ou isso é apenas uma idealização do fazer jornalístico? Para alem disto, quando “liberdade de imprensa” confundi-se com “liberdade de expressão”? 

Liberdade de Imprensa tornou-se um termo frequentemente discutido na mídia. O direito de se vincular informações e notícias através dos meios de comunicação de massa, sem que haja, por exemplo, a intervenção do Estado, é uma problemática e há tempos vêm sido questionado pelos governantes, a sociedade e profissionais do ramo da comunicação. 

Podemos dizer que algumas vertentes da imprensa passaram a confundir tal termo com “liberdade de invasão” e até mesmo “liberdade de expressão”. O caso do jornal britânico “News of the World”, acusado de “grampear” ligações de celebridades, políticos e parentes de vítimas de terrorismo, por exemplo, trouxe a tona essas questões e conceitos sobre tanto o que se diz respeito à liberdade quanto à “liberdade de imprensa”. A censura é um fantasma que a imprensa sempre buscou exorcizar, contudo uma regulação do que é veiculada a mídia seria a melhor maneira de filtra informações de interesse público? Não acredito nisto e caio no clichê “sem liberdade não há informação”, embora o próprio jornal O Globo tenha deixado claro que a mídia necessita de uma regulação, seja lá o que eles entendem por isto.