Manifestantes ocupam a cobertura do Congresso Nacional (Foto: Fabiano Costa / G1)
Era de se esperar. Nesta segunda (17), organizadores que estavam à frente do “Movimento Passe Livre” – MPL – declarou não ter nada haver com as manifestações arbitrárias as organizadas por eles. Segundo os integrantes, a manifestação tinha um único e exclusivo objetivo: a redução do aumento das tarifas do transporte público. O que o MPL não esperava é que sua causa ganharia proporções nacionais e abrangeriam temas que há uma década vem sido empurrado garganta à baixo de milhões de brasileiros como corrupção, gastos exacerbados com dinheiro de verba público e a falta de investimento em infra-estrutura, educação e saúde. "Só negociamos uma pauta, que é a revogação do aumento. Ainda que o ato tenha tomado outra amplitude por diversas razões”, disse Érica de Oliveira, técnica em museologia e integrante do movimento.

Ainda na noite desta segunda (17), uma das cenas mais lindas já ocorridas em Brasília encheu de orgulhos brasileiros e brasileiras que assistiam atônitos milhares de manifestantes romperem o cordão de isolamento da polícia militar e invadirem o Congresso Nacional. A população brasileira está tomando ciência de sua força e realmente mostrando a cara. A única questão que fica é se isso esfriará ou medidas sérias de mudanças serão tomadas? Imprevisível saber.

Augusto Nunes, colunista da revista Veja, criticou os movimentos que vem tomando todo país. Em seu texto intitulado “O Brasil Maravilha morreu afogado pela enorme onda de descontentamento”, o colunista afirma que o “direito de manifestar-se livremente não anula o direito de ir e vir de milhões de brasileiros que, mais uma vez, foram prisioneiros de congestionamentos absurdos. Nem autoriza ninguém a tratar com arrogância autoridades policiais instadas a cumprir o que a Constituição prescreve. Dessas provas de maturidade vai depender o destino do movimento”. Nunes sugere abertamente que o movimento deixe as ruas, e que os motivos que tanto alimentam as manifestações é o mesmo que acarretará o seu fim. Embora a causa seja nobre, em uma coisa o colunista tem razão, a falta de organização e liderança realmente é um fator preocupante; sem organização, dificilmente as vozes que gritam por melhorias serão ouvidas por nossos governando. Pelo contrário, serão usadas a favor de seu cinismo.

Dilma declarou nesta terça-feira (18) que "está ouvindo essas vozes pela mudança". Piada ou não, a presidenta pareceu ter esquecido o que brasileiros do país, e do mundo, querem realmente: que as vozes sejam mais do que ouvidas, sejam concretizadas. As vaias à presidenta no sábado passado (15 de junho), demonstrou que isso não é mais um caso de “civismo sensacionalista”. Embora o MPL tenha acendido o pavio e negue as proporções que as suas manifestações tenham tomado, esses desabafos nacionais que estão tomando as ruas estão apenas no começo. Especulações à parte, é bem verdade que nossos políticos estão mais apreensivos e preocupados... “O gigante acordou”.