Considerado a “porta de entrada” para diversas universidades estatuais e federais do país, o Exame Nacional do En-sino Médio, o Enem, está próximo de acontecer. As provas estão marcadas para os próximos dias 24 e 25 de outubro; as inscrições se encerraram no último dia 5 de junho. Expectativa, de acordo com o Ministério da Educação (Mec), é que mais de oito milhões de alunos realizem as provas, no entanto, apesar de expressivo, o número que foi divulgado por balanço apresentado pelo Mec, chega a ser 10,67% menor que em 2014 e interrompe uma sequência de recordes que era registrada desde 2008, período que foi anunciado reformulação que aconteceu em 2009.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o INEP, divulgou na sexta-feira, (25/9), que o exame deste ano terá modificações em relação a anos anteriores, como a mudança de horário e punição para quem obter isenção de taxa e não comparecer na realização das provas.

De acordo com o presidente do Inep, Chico Soares, as alterações serão para a segurança dos próprios inscritos. Neste ano, os portões de acesso às salas de aulas serão abertos ao meio-dia e fechados às 13h, sempre no horário de Brasília, e as provas serão entregues aos candidatos às 13h30.

“Com todos os alunos na sala, os detectores de metal podem ser passados de acordo com a conveniência dos fiscais. Os malotes com as provas serão abertos apenas com os estudantes dentro das salas, com o testemunho de alunos e de fiscais; é uma mudança pequena, mas importante”, relata o presidente do instituto.

Os participantes do Enem farão quatro provas objetivas, cada uma com 45 questões de múltipla escolha e uma prova de redação. No sábado, 24 de outubro, serão realizadas as provas de ciências humanas e suas tecnologias e de ciências da natureza e suas tecnologias, com duração de 4 horas e 30 minutos, contadas a partir da autorização do aplicador. No domingo, 25, será realizada a prova de linguagens, códigos e suas tecnologias, redação e matemática e suas tecnologias, com duração de 5 horas e 30 minutos.

Apesar do cansaço que a “maratona” Enem causa aos participantes, há quem ainda não está em fase de conclusão do ensino médio, mas quer ter essa primeira experiência. É o caso da estudante Vitória Castro, de 16 anos, que está no segundo ano do Ensino Médio. “Farei a prova justamente como uma primeira experiência. Estou estudante bastante, principalmente a questão da redação. Na escola temos feito redações todas as semanas, sempre em contato com fatos da atualidade, que é bastante cobrada na redação. Espero que este ano haja um maior comprometimento com a correção das provas e, principalmente das redações, que tem mais peso na avaliação. Já cheguei a ler casos de redações em que alunos escreveram receitas de cozinha e foram melhores avaliados que outros alunos que levaram a sério o tema proposto”, salienta a estudante.

A redação é um dos processos mais complexos para a realização do exame e é uma preocupação levada a sério pela professora de português da Escola Benedito Ferreira Calafiori, Cláudia Helena Zanin, responsável pelo sucesso da maioria de alunos que vem conseguindo, ao longo dos anos, destacar-se na parte escrita do exame. Claudia Zanin relata que seus alunos têm se preparado com muito empenho para o dia.

“Estamos exercitando a construção da tese, a escolha dos argumentos e possíveis propostas de intervenção. A maior dificuldade deles é interpretar o tema sem tangenciá-lo. Redigir a tese é a tarefa mais complexa da redação, já que ela é o “coração” do texto; os argumentos e a conclusão defendem e sustentam a tese”, conta a Cláudia Zanin.

De acordo com Cláudia, as competências 2 e 3 da prova avaliam o conhecimento da estrutura do texto dissertativo-argumentativo e também se o candidato desenvolve o tema de forma consistente, configurando a autoria na defesa do ponto de vista. “Para tanto, é preciso ser um bom leitor de textos jornalísticos, especialmente de artigos de opinião, editoriais, entrevistas, ensaios, cartas do leitor, ou seja, textos que apresentam um ponto de vista. Acompanhar a mídia jornalística é fundamental para quem quer alcançar uma nota superior a 700 na redação do ENEM. Outra dica é melhorar o tempo, outro dificultador da redação”, ressalta a professora.

Cláudia Zanin orienta que os alunos façam um projeto de texto no momento em que iniciar a prova, que ajuda a organizar as ideias e não perder a coerência do raciocínio. Depois de resolver as 90 questões de Língua Portuguesa e Matemática, é preciso que o aluno desenvolva as ideias que foram previamente selecionadas e acrescentar outras que forem pertinentes, ganhando tempo para finalizar a redação. “A conclusão no ENEM deve apresentar propostas de intervenção claras e bem detalhadas, não basta apenas citá-las, ou seja, precisam ser exequíveis e coerentes com a argumentação desenvolvida no texto”, salienta.

Sobre os possíveis temas que devem ser cobrados na prova deste ano, Cláudia comenta que os temas da redação no ENEM são sempre voltados para questões sociais e as apostas são inúmeras: a crise hídrica, o papel da mulher na sociedade brasileira, o conceito de família, a clonagem terapêutica, o lixo e a logística reversa, a violência escolar e o bullying, dentre outros. “Seja qual for o tema, o importante é estar sempre atualizado e saber formar uma opinião com argumentação consistente, que respeite os direitos humanos. Um conselho aos candidatos? Procure boas fontes de textos jornalísticos e antecipe pontos de vista sobre variados temas, lembrando que ao defender uma opinião é preciso saber defendê-la e propor soluções”, completa a professora Cláudia Zanin.

PROVAS

Os candidatos que irão realizar as provas nos próximos dias 24 e 25 de outubro, devem se ater aos horários e locais das provas. Como previsto, a abertura dos portões deve acontecer ao 12h e terão os fechamentos programas para 13h, não sendo admitido nenhum atraso.

O ENEM

Conforme o INEP, o Enem visa democratizar o acesso às políticas públicas de educação. Com a nota obtida no Enem, o estudante pode tentar uma vaga na educação superior por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), que permite ao estudantes de baixa renda obter bolsas de estudos integrais e parciais (50% da mensalidade) em instituições particulares de educação superior, além de ser requisito para a obtenção do benefício do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), participação no programa Ciência sem Fronteiras e ingresso em vagas gratuitas dos cursos técnicos oferecidos pelo Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec). Estudantes maiores de 18 anos podem, também, obter a certificação do ensino médio por meio do Enem, caso atinja a média recomendada.

Matéria Publicada para edição 1933 do Jornal do Sudoeste,
São Sebastião do Paraíso/MG